RSS
Facebook
Twitter

domingo, 29 de novembro de 2015

Verso - 43

Sempre tive uma certeza irrefutável de que minha cor preferida era preto, mas desde que provei de seu olhar oscilo entre o verde e o castanho claro.

domingo, 1 de novembro de 2015

Miniconto - 03

Corria de um lado à outro atônito, lacrava caixas, ensacava louças, enrolava copos e se afligia. O caminhão da mudança estava estacionado na frente de seu portão, e os carregadores transitavam ininterruptamente; eram formigas roboticamente empenhadas e obedientes, quando não sabiam o que fazer paravam esperando novas ordens que cumpriam sem hesitar. Ela os acompanhava sem descanso, não demonstrava entusiasmo, prazer, tristeza ou arrependimento, só dava ordens calmamente enquanto fiscalizava a mudança de seus pertences. Ele acompanhava tudo como um olhar indecifrável, e limitava-se em correr de um lado à outro, lacrar caixas, ensacar louças, enrolar copos e se afligir. A casa antes cheia de risos, lembranças, beijos e abraços estava se dividindo; metade ficava com ele e outra ia com ela, observava o passado sendo encaixotado e fechado e o presente resumido em poucos e simples objetos, mas não agia. No fim tudo fora levado, os carregadores transportavam tudo de bom e ruim, e colocaram ela no veículo como último item a ser levado da casa e partiram. Do portão ele não pôde acenar, talvez porque sabia que ninguém acenaria de volta, apenas deixou-se ficar ali parado pensando em nada, olhando ela, o caminhão e sua antiga vida sumirem no horizonte, não sabia exatamente o que sentir por isso entrou, passeou por todos os cômodos ignorando o estranho vazio, faltava moveis, vozes, companhia; respirou fundo e foi até a geladeira e abriu uma cerveja, foi até a varanda e deitou na rede. Enquanto bebericava e balançava se deu conta de que finalmente estava só, e o peso caiu-lhe de forma leve, entendeu que não lhe restara mais nada além de paz. Finalmente sorriu!