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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Miniconto - 04 (Ciclo)

A beleza, escondida embaixo da feiura estava irreconhecível, calada, encolhida, apagada; e foi reconhecida em um mero acaso por um observador que passou e oportunamente a percebeu; e esse manteve certa distancia porque a feiura não permitia estranhos por perto, talvez fosse medo, raiva ou zelo. Assim que a reconheceu andou de um lado a outro atônito, sentiu um ódio crescente pela feiura e o desejo de salvar a beleza aflorou desenfreadamente em seu peito, e ganhou força; sentiu que dentro de si surgia um herói há muito esquecido, inventou até um nome para esse novo personagem em si que de tão concreto, parecia que já existia e apenas adormecera preguiçosamente por anos. Bateu três vezes forte no peito e cuspiu longe, arrumou a calça na cintura e foi lá tirar satisfações com a feiura, que falou, exclamou e até implorou tamanho era o seu desespero em ver a beleza solta, mas não teve jeito não, o observador exigiu, também exclamou e até usou de força bruta para vê-la livre, e no fim conseguiu o que queria; saíram de mãos dadas dali deixando para trás uma pobre feiura choramingando algo que a distancia não mais os permitia ouvir. Longe dali a beleza agora um pouco mais confiante andava ao lado de seu salvador, e diante de elogios e cuidados ela foi se modificando, agora falava mais, arrumara a postura e até recuperara o seu antigo brilho; e brilhava lindamente para quem quisesse ver; e por onde passava era notada, e quanto mais o era, menos enxergava o seu herói instantâneo. A beleza se corrompeu rápido pela vaidade, soberba, luxuria, narcisismo e quase não mais se parecia com ela mesma de tão modificada que estava; e foi se alterando, se sujando e tornando-se feia, afastando todos e até mesmo o seu próprio herói. A nova feiura andou sozinha e sem rumo por algumas horas,dias, meses; e ninguém teve coragem de chegar perto de sua nova face, até que um dia chegou onde habitava antes com a feiura e descobriu que longe dela a antiga feiura se tornara bela, e sentindo um medo incontrolável de que essa novamente ficasse como seu novo eu, a escondeu embaixo de si; e passou a protege-la até que um dia por um mero acaso, a beleza foi reconhecida por um observador que passou e oportunamente a percebeu.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Prosa - 02 (Me perco em você)

Eu sempre me esqueço de tudo quando estou com você.
Acho que é culpa dos seus lindos olhos negros que me lembram uma noite na praia, mas sabe... talvez nem seja isso mesmo; a maioria das vezes eu culpo as suas mãos que sempre cobrem as minhas de maneira protetora e adorável. Fico pensando que se desse o meu coração pra você, ele caberia direitinho dentro delas e ainda sobraria espaço pra preencher com meus sentimentos.
Mas, e se não for isso? 
E se for sua boca, que é de um vermelho tão intenso que faz o meu sangue ferver? 
Depois que te conheci, eu gosto muito mais de morangos. 
Poderia ser também a forma como você pensa, que é original e tão inspiradora que me faz escrever poesias, musicas, poemas e às vezes até discutir velhos dilemas... mas também não sei se é isso, é que sempre me esqueço de tudo quando estou com você.
Acho que pode ser mesmo culpa dos seus lindos olhos negros...
Ou será que é porque quando estou contigo nada mais me importa?

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Poema - 09


Hoje as palavras me acordaram com urgência, bagunçaram minha cabeça, deram um nó na minha garganta,
brincaram em versos e verbos e me sacudiram exigentes. 
Queriam sair, serem livres e expressadas; significativas e encantadoras.
Exigiram de mim.
Me sufocaram.
Me cegaram.
                                                                                    Saíram. 
                                                                                    Sumiram, mas não antes de existirem.
                                                                                    Um verbo.
                                                                                    Um verso.
                                                                                    Um constrangedor sentimento.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Verso - 45

Depois que me perdi em seu abraço, os lugares mais confortáveis do mundo
ficaram estranhamente incômodos.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Verso - 44

Às vezes deveríamos ser menos adultos, e sentir o amor com a irresponsabilidade de uma criança. 
Com zelo, dedicação e inocência.