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domingo, 25 de setembro de 2016

Verso - 55

Ser poeta,
é andar na corda bamba dos sentimentos,
se equilibrando entre versos e amores,
de lábios selados para que o coração não lhe escape,
e com muita cautela para não tropeçar na realidade de ninguém.

domingo, 14 de agosto de 2016

Verso - 54

Porque não me tira daqui?
Porque não me leva para as páginas da sua ilusão?
Vamos...
Liberte-me em seus sonhos,
Despregue-me em seu sopro de inspiração.
Resgate-me,
Rebusque-me,
Rabisque-me...
Faça-me viver eternamente no riscar de sua caneta.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Verso - 53 (Quem sabe!)

Ando por aí de beijo em beijo...

Quem sabe,
Nessa síndrome de beija-flor,
Eu pouse em seus lábios
e prove do mais intenso amor.

Quem sabe!


sábado, 9 de julho de 2016

Poema - 10 (Entre você e eu)

Quero fazer morada aí,
Nas linhas tortas de suas doces declarações...
Nas vírgulas que te pausam e que te dão folego,
Nas rimas esteticamente mal formadas,
Nas exclamações que te deixam exagerada,
Nos versos simples,
Na inconstância dos levianos verbos...
Na inocência das suas interrogações.

Nos cálices vazios que brindam a nossa paixão.

domingo, 19 de junho de 2016

Miniconto - 09 (Caixa de música)

A janela de vidro revelava tudo. Os móveis imóveis delimitavam o seu espaço, as paredes escondidas embaixo de um papel florido, faziam a música ecoar por todo o cômodo, a porta de madeira antiga estava convenientemente fechada, não que se sentisse mais segura assim, mas é que tinha medo de que o som e a inspiração escapassem casa afora e se escondesse, ou se aninhasse em outro peito apaixonado. O tapete abrigava seus pés descalços que deslizavam, esfregavam em círculos ou desgrudavam em pulos somente para encontra-lo novamente...  no mp3 preto em cima da mesa a banda The Strokes tocava. Ela dançava tão gentil e confiante que para ele era como assistir a uma bailarina presa em sua caixa de música gigante. A pele negra em contraste com o “tutu” branco, os olhos castanhos misteriosamente escuros e o cabelo black alto faziam dela única e exótica, e ela gostava de ser assim, diferente do igual e livre para poder ser ela mesma, porque era isso que a fazia sorrir e dançar sempre mais e mais... A banda presa no comando de repetição do mp3 se empenhava em tocar cada vez melhor para ela, e ela se empenhava para dançar melhor para ele. Ele que nunca entrara na sala, que nunca se aproximara do vidro, que nunca tentou alguma forma de contato... ele, que todas as manhãs se posicionava na janela á observa-la com brilho nos olhos; parecia entender toda a sua arte, parecia merecer todo o seu ser, parecia dançar com ela em silencio e cantar junto o refrão que dizia:

...When i said “I can see me in your eyes”
(Quando eu disse, “eu posso me ver em seus olhos”

You said “I can see you in my bed”
(Você disse: “Eu posso te ver na minha cama”)

That’s not just friendship, that’s romance too
(Não é só amizade, isso é romance também)

You like music we can dance to...
(Você é como uma música que podemos dançar)...

domingo, 12 de junho de 2016

Prosa - 04

A cada dia me apego mais as “viralidades” do mundo,

Respiro fundo, para não perder esse vicio que me cerca
E que dita grande parte da minha rotina.
Amores virtuais cuidadosamente criados por um roteiro,
Em idiomas e canais diferentes.
Amigos de teclado,
Comidas friamente preparadas  que não satisfazem meus gostos,
Mas as escolho mesmo assim;
Fecho os olhos a cada gole e a cada mordida
Para sentir o gosto mecânico da culinária caseira que se fabrica em massa,
Em sacos,
Em latas,
Em potes...
Amores de Verão em pleno inverno,
Crianças que me sorriem com aceitação atrás de minhas lentes,
E eu fotografo a vida,
Fotografando o mundo,
As cenas,
As histórias escondidas.
Disfarçando as tristezas,
Forçando as alegrias...
Respiro fundo, para não perder esse vicio que me cerca...
Os amores de novela,
Os roteiros ensaiados de minha vida,

As histórias diárias que inventamos, enquanto fingimos ser felizes...

sábado, 4 de junho de 2016

Prosa - 03 (Anseios)

Tenho medo desse mundo que apaga histórias com imediatismos,

Um mundo frio e insensato que não aprecia a velha poesia,
Que faz questão de viver das ilusões criadas para consumir o agora,
e que olha para o futuro com olhos embaçados.

Tenho medo desse mundo louco onde um quarto escuro é a única saída,
Esse mundo onde o diferente não é mais que nada,
Medo dessa gente que aponta e julga,
rindo sem freios na cara da maldade, enquanto deseja fazer pior por quinze minutos de fama.

Tenho medo desse mundo onde o toque, o olhar e a necessidade de preencher o vazio com verbos e versos rasgados nos fazem parecer diferentes.
Onde o raro se guarda num pote.
Onde o amor é comprado em farmácia e tragado com água potável.

Tenho medo desse mundo onde minhas linhas não são bem vindas,
assim como minhas roupas, cabelo, cor de pele e maneira de viver...

Onde o existir é esse jogo de queimado, em que todos correm para não serem pegos, porque mais vale ser um zumbi aprisionado em impulsivas decisões, do que abrir a porta e contemplar o que ainda resta de concreto no nosso mundo.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Verso - 52

Quero sorrir e entristecer,
Me encontrar e desvanecer,
Esfriar e aquecer,
Me libertar e me perder;
Quero fluir e ir devagar,
Ser dor e aliviar,
Voar e me refugiar,
Me lembrar e esquecer
Quero ser tédio e entreter,
Ter inspiração para escrever
as loucuras que acontecem dentro da segurança de seu abraço.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Verso - 51 (Miopia)


E tudo de bom nela enxergava;
os cabelos lisos e negros,
a pele exageradamente branca,
a cor que lhe vinha a face quando esta estava envergonhada,
as palavras que lhe soavam doces aos ouvidos,
os azuis dos olhos que lhe pareciam como um recanto do Céu...
a pequenez das mãos,
o vermelho luxuriante dos lábios,
e a personalidade selvagemente provocante.

Tudo de bom nela enxergava, menos o caráter que sempre lhe fora confuso.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Miniconto - 08 (Cambio)


Beijava-a como se o estivesse fazendo  pela última vez;
e não é que lhe agradava o beijo (muito pelo contrário), 
nunca fora chegado em beijos longos ou rápidos, 
doces ou molhados;
o que lhe atraía no movimento...
era a suavidade com que aqueles lábios macios trocavam estorias com os seus.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Nos meus sonhos (por Cássia Tikusa)

Olhos;
espelhos teus,
senhores dos meus desejos,
seduzem meus pensamentos e
guiam meus sentidos para te encontrar,

me fazendo escrava dos teus beijos
me fazendo imaginar...

eu quero estar em seus braços;
acalentada em teus abraços, e
me ver em teus olhos,
sentir suas mãos percorrerem meu corpo.

e que nesse momento nada mais importe;
a noite,
o dia,
ou o tempo que o relógio roubasse...

tudo que quero é te olhar e dizer:
"acho que esperei toda minha vida para essa noite acontecer"


sexta-feira, 18 de março de 2016

Urgência (por Cássia Tikusa)

Queria te conhecer;
passar as horas conversando,
horas me perdendo e me achando,
descobrir o que estou procurando num abraço,
um olhar; um ato.
Numa noite um espetáculo,
nós dois num palco,
as cortinas abertas e os olhos fechados.
O silêncio.
O grito.
Holocausto!
Os pudores,
passado,
você; eu, e todo clamor testado.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Verso - 50 (Bailarina)


Se eu me deixar levar pelo vento, 

rodopiando como uma folha no Outono
ele com certeza me fará voar até você;
e eu dançarei no ar, e girarei ao seu redor...

Esse som que sai de sua boca quando encosta na minha, é o que equaliza o ritmo dos nossos corações.

E se eu compor uma canção? Poderei ficar pra sempre aqui com você?

Se eu me deixar levar pelo vento e ele me levar até você rodopiando,
te imitarei num perfeito Plié, em dois giros e um ousado Jeté;
e também te levantarei pela cintura, e a segurarei em meus braços até nossa música acabar.

Talvez essa noite eu durma sonhando com seu balanço ao som das cordas do meu violão,
ou talvez eu só sorria sozinha, quando você se encantar com essa nova canção;
mas o que eu quero mesmo, é deixar que o vento escolha para onde eu devo ir.
Porque se ele escolher me levar até você,
então poderei compor uma nova canção que a fará bailar ao som das batidas do meu coração,
e eu poderei ficar aqui só com você.

Se eu me deixar levar...

domingo, 13 de março de 2016

Verso - 49

Ultimamente ninguém quer rir do palhaço
Nem entender as razões de seu falso estardalhaço;
As cores exuberantes já não fascinam mais,
e os suspensórios exageradamente grandes, se rasgam ao tentar prender a platéia.
Deve ser seu corpo envelhecido que não suporta cambalhotas,
Ou.... esse olhar triste camuflado pelas tortas.

A lágrima negra continua marcada em seu rosto
e nem as verdadeiras a conseguem remover.

Pobre palhaço velho...
está preso ao picadeiro mas não pode se entreter

A palidez já não precisa ser pintada
E hoje ele ostenta com soberba a solidão
O sorriso congelado que apaga a sua alma,
o obriga ás vezes a estrear uma garrafa
e outras vezes o faz esquecer que seu verdadeiro talento
é esconder de todos as pesadas tristezas que carrega em seu insignificante coração.

domingo, 6 de março de 2016

Verso - 48


E ela é assim,
tão intensamente leve
e serenamente linda;
que fico sem saber se rouba da Vida a cena
ou se rouba da natureza
os encantos do Mar.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Verso - 47

O que ela gostava mesmo era de abraços;
demorados,
breves,
saudosos ou apertados.

Ela abraçava um
e abraçava outro,
Abraçava ele
e eventualmente elas,
ás vezes se abraçava também
e se sentia
e se curtia....
e depois ela abraçava a vida, com todas a esperança que ainda tinha.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Verso - 46

Com o tempo envelhecemos, e as mudanças vem sem a gente desejar; 
mas ainda nos esforçamos para sermos nós mesmos, 
e forçamos sorrisos 
murchos e desdentados, 
esperando que os sentimentos que nos resta não escapem pelos espaços vazios.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Miniconto - 07 (Amálgama)

Era um desses dias normais quando eles se conheceram em um café;o Sol brilhava intenso na janela
e ele dera uma pausa na sua rotina para admira-lo. Ela estava suando e exausta e pedira um suco 
de laranja enquanto ele saboreava um doce cappuccino.
Ele odiava sucos de laranja, e ela, não suportava nem o cheiro de café ou algo que a fizesse lembrar.
Mesmo assim eles se olharam e se gostaram sem motivo aparente.
Eles não tinham pressa para se descobrir ou se consumir, iam dando tempo ao tempo e aos poucos um se ocupava do outro como algo que acontece sem planejamento prévio, eles tinham esperanças de terem algo em comum, e quanto mais se conheciam mais tinham a certeza de que um foi feito exatamente para o outro.
Ela era do tipo poeta e amava quase tudo o que existia, enquanto ele era um lutador premiado, ela não enxergava as razões que o mantinha nesse caminho de violência e ele não compreendia os motivos que a inspirava a rimar.
Ele era moreno de olhos azuis, embora ela preferisse os loiros de olhos verdes, e ela ruiva e seus olhos mudavam de acordo com seu humor, mas ele admirava mesmo morenas de olhos castanhos.
Ela não perdia uma oportunidade de observar a Lua; já ele se energizava com os raios de Sol todas as manhãs.
Ele preferia branco, e ela sempre optava pelo preto.
Mas eles eram assim mesmo, um casal super normal, um fazia questão de ser assim enquanto o outro, achava o máximo ser assado, e mesmo ele não falando uma única palavra em português e ela sem saber francês eles se entenderam em um único olhar. 
Saíram dali seguros de si, concretos... eles eram um relacionamento estável, uma boa relação, estavam embebidos de amor
e eram esse sentimento, por isso, jamais teriam um fim.

Fim. Ooops... Começo =^.^"=.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Miniconto - 06 (Vicio)

Sou escritora viciada; daquelas compulsivas que não existem sem um lápis e um papel na mão,
portanto, minha vida como já é de se adivinhar... é escrever.
Uma vez tentei parar, pensei que pudesse me descontaminar dessa mania de sonhar e fazer sonhar, 
mas assim que larguei o lápis as palavras caíram em meu coração lentamente, uma a uma, como folhas no Outono, e se juntaram umas em cima das outras numa confusão consciente de verbos... encheram até transbordar e se espalharam por meu corpo, e um a um membros e sentidos foram dominados e eu virei um fantoche.
Tentei lutar, mas... O que é a minha vontade diante de um lindo verbo?
Quase não havia mais nada de mim quando minha boca abriu pela primeira vez, deixando escapar a palavra "amor", que foi seguida pelo "viver" e do "libertar"; fechei-a num susto e tentei com todas as forças mante-la assim, mas o "escrever" se jogava tão forte contra meus lábios que de um impulso saiu, ricocheteou nas paredes e voltou para a minha boca se alojando em meu coração.
Humpf!
O que eu fazer diante de um lindo verbo senão obedece-lo?
Sigo viciada!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Miniconto - 05 (Oscilações)

Oscilações

Há dias em que quero mudar, tenho ganas de rasgar a pele e saber que por baixo há uma outra identidade, uma pele branca, um atleta, uma mulher rica, um peão de rodeio ou até mesmo uma criança sem amarrações ou compromissos. Tem dia em que a pele é um hábito incomodo, apertado, uma roupa social pra um evento de rock, e tenho ganas de rasga-la e ver que por baixo há uma outra identidade; um aventureiro, uma pastora de ovelhas, um critico literário, um judeu, uma dona de casa
entediada, ou quem sabe uma puta indomável. São tantas as personalidades querendo se concretizar que ás vezes me falta a sanidade. Ahhhh.... O que é a sanidade em mim senão esse amontoado de regras e promessas pessoais que organizei intimamente pra continuar andando?
O que é a sanidade em mim?
As vezes só me deixo escorregar pela parede até sentir a firmeza do chão, deito encolhida de olhos fechados e ouvidos tapados tentando desesperadamente  fugir de mim; então escuto um disparo seguido por meu nome que soa tão melodioso e sedutor quanto um solo de guitarra, e me levanto lentamente á procura de um espelho, e assim que o encontro encaro firmemente os doces olhos castanhos escuros que me observam, reparo em cada detalhe perfeito; angulo, formato arredondado, pintas discretas, lábios carnudos,cílios delicados e sem perceber chego cada vez mais perto do espelho atraída pelas milhões de possibilidades que reconheço... e num segundo volto à mim como se nunca tivesse saído. Visto cuidadosamente minha pele negra, ajeito o cabelo black, lavo o rosto passando a ponta dos dedos nele para sentir a textura macia e sorrio para mim mesma com encanto, esperando pacientemente que eu aceite as boas vindas.
Me reconheço; e me perdoo porque sei que ás vezes sou só uma estranha, fingindo ser eu mesma.