Tic! Corria pela floresta, e sabia
que se não chegasse antes do Sol se por iria morrer. Tac! Não queria morrer, então
tentava manter a calma para não se perder na floresta. Tic! Ainda podia sentir o coração
batendo forte, e quase riu disso; era irônico sentir essas batidas tão fortes. Tac!
Quase tropeçara. Sua mente foi invadida por imagens de sua luta alguns segundos
atrás; um caçador contra uma donzela, fora um ataque repentino, mas era só o
que lembrava do ocorrido. Tic! Sua mente estava confusa. Tac!
Bloqueada com o choque. Tic! Agora corria contra o tempo, precisava chegar
no castelo até o Sol se por. Precisava se acalmar, mas o coração pesava a cada
passo; sentia-o pulsar e seu desespero só aumentava. Tac! Doía. Tic! Confundia. Tac! Era uma bomba relógio. Tic! O
Sol começara a sua dança, mas por fim, já podia ver o jardim do castelo. Tac!
Agora corria mais rápido por sua vida. Tic! Mais rápido. Tac! O coração agora estava fraquejando.
Tic!
Limpou a boca com as costas da mão e sentiu o gosto de sangue na boca, ferro
amargo, viscoso, intenso. Tac! Entrara no jardim. Tic! O coração. Tac! O por do Sol. Tic! De
onde estava, podia ver a mesa do jantar, olhou para o lado e viu o Sol cada vez
mais baixo. Um pouco mais e se salvaria. O coração batia agora com menos
entusiasmo. Tac!
Muito fraco. Tic!
Quase parando. Tac! Caíra na entrada exalando a exaustão, o suor
lhe lavava o rosto, e entrara-lhe nos olhos. Ardia. Cegava. Doía. Tic! Seu
corpo era sal e medo, e de repente, lembrou-se da floresta. Um caçador contra
uma donzela. Era covarde! Tac! Se recompôs e sorrateiramente atravessou a
cozinha, a sala e em pouco tempo subia as escadas; as mãos sujas de sangue e
tremulas tocaram a maçaneta sorrateiramente. Tic! O coração batia imperceptível. Tac!
Abriu a porta com muita cautela, e esgueirou-se até a cabeceira, tirou de
dentro do cinto uma faca e cordas, e depois de amarrar sua vítima esperou com
paciência quase demente que acordasse; quando isso aconteceu assistiu com
prazer infantil o terror se espalhar e contorcer sua face. Tic! Tapou-lhe a boca com o coração
que vinha trazendo na mão esquerda. Tac! Abriu um buraco em seu peito, e retirou de lá
o coração, em seguida olhou sua vítima com compaixão e esperou até que sua
respiração findasse. Tic! O sol estava quase sumindo. Sentou-se na
frente do espelho e ajeitou o cabelo comprido, contemplou sua pele extremamente
pálida e seus olhos azuis, o sangue lhe tingia a boca como a uma pintura e isso
a deixava muito atraente; se contemplou por um momento e ajeitou as roupas
largas do caçador, sorriu para si mesma. Tac! Conseguira. Matara a rainha antes do por do
Sol. Tic!
De olhos fechados saboreou o coração da megera antes que esse parasse de bater.
Tac! Enquanto
lambia os dedos lembrou-se da maldição, e sabia o que tinha que fazer;
precisava de outro coração de mulher. Tic! Lembrou-se da família do caçador, que agora
estava morto na floresta. Não há perdão para covardes. Tac! Precisava chegar lá antes do
Sol nascer. Tic! Só mais seis corações e estaria
liberta. Tac!
Não queria morrer. Tic! Tac!
domingo, 11 de outubro de 2015
Sobre: Branca de Neve
Postado por Tempus em domingo, outubro 11, 2015 com Sem comentários
Categories: Serie: Terror
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