A prostituta não tem valor
significativo; desfila de um lado á outro na rua vendendo aquilo que possui de
melhor, como um camelô desesperado ela se anuncia com afinco e veemência, e quando sente
que nada mais tem a oferecer simplesmente vende o corpo. Em geral a
prostituta não tem alma; sacrifica seus amores, engole o choro obedientemente e
mantem a boca sempre cheia e fechada; se for preciso ela força o sorriso e abdica
do prazer pessoal. Jamais perde tempo porque tempo é dinheiro. Ás vezes é agredida
por um ou cem, mas não há como saber se dói ou magoa porque ela não é como nós,
feita de sentimentos, carne ou osso, não tem vontade própria, gosto ou opinião social.
A prostituta não adoece, não vai ao banheiro, não sente ciúmes e também não sofre
por desilusão amorosa; como bailarina em caixa de musica ela vive de ocasião,
dançando silenciosamente quando lhe permitem e só se expõe na mídia dentro de
um singelo caixão. A prostituta da prazer a quem pedir sem pensar em dizer não,
mas tem as melhores roupas, a melhor tecnologia, frequenta as melhores festas e
contempla os melhores céus; com olhos castanhos, verdes ou roxo; ela enxerga o
mundo como uma enorme cama, então se deita em qualquer calçada, se espreguiça
em qualquer bar e descansa eternamente em qualquer esquina. A prostituta não pertence
a ninguém, ela é simplesmente um alguém para todos.
terça-feira, 17 de março de 2015
Amor (Someone for everyone)
Postado por Tempus em terça-feira, março 17, 2015 com Sem comentários
Categories: Serie: Sentimentos
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