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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Lilly - 1

Quando despertou, só o silencio estava na casa. De olhos fechados, esticou o braço e passou a mão no espaço vazio ao seu lado suspirando com desanimo, ela se fora. O lençol ainda estava quente, e o colchão mantinha o formato do corpo dela, rolou para o lado e se ajustou ali, sentiu-se confortável como em um abraço, mas mesmo assim chorou.
Inspirou longamente e deixou que o perfume grudado no lençol e no travesseiro o invadisse. Fechou os olhos e se cobriu por inteiro, teve medo de abri-los novamente e deixar escapar as lembranças que tinha da noite anterior; a música clássica, o ótimo vinho, a conversa sobre as complexidades da vida, ela lhe roubando um beijo, o folego... o coração. Os corpos encaixados, os olhares cúmplices, as respirações descontroladas, as mãos exploradoras, as bocas ávidas que trocavam histórias em silencio. Queria que ela tivesse ficado, queria mais uma vez ligar suas pintas com beijos e formar constelações, saber mais sobre sua vida... saber ao menos seu nome. Abriu os olhos no exato momento em que a nostalgia cedia gentilmente espaço para o desconsolo. Tirou o cobertor do rosto e mais uma vez suspirou com desanimo, sentiu fome, mas colocou os fones de ouvido, se encolheu abraçando o travesseiro que guardava o cheiro dela e deixou que o sono o envolvesse gentilmente. 
Não ouviu a porta abrir, tampouco ouviu ela entrar com o café da manhã e sentar-se na cama para olhá-lo dormir, mas sentiu quando ela se curvou e beijou seus lábios conduzindo-o em um sorriso preguiçoso, em seguida tirou as roupas e entrou embaixo das cobertas se enroscando nele e preenchendo seu abraço. 
- Oi. Ela disse ainda sorrindo. Meu nome é Lilly!

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