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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Lilly - 3

Quando entraram em cena o amor se materializou, olharam-se como se nunca tivessem se visto, o interesse pairava no ar e eles o tragaram despreocupados. Se abraçaram, se acarinharam e se beijaram com ternura jamais vista. Era um genuíno filme romântico. As bocas se encontraram com urgência notável, trocaram salivas, histórias, confissões e promessas... trocaram versos enquanto deitavam na cama, e tiraram a roupa se desnudando da  luxúria e do medo. As mãos exploradoras, memorizavam partes do corpo e traçavam caminhos desejados já há muito, e as línguas ligavam as pintas espalhadas pelas curvas, formando lindas constelações, e os lábios escreviam, recitavam e destilavam poesias em beijos que explodiam pelo corpo em um milhão de deliciosas sensações... e gozaram, e se olharam sorrindo satisfeitos, e enroscaram-se totalmente sem folego... e se aninharam um no sentimento vívido do outro, que latejava, ardia e se intensificava descontroladamente.
O diretor bradou com raiva desenfreada, tirara a fita da câmera e a sacudia enquanto gritava algo sobre o amor ser completamente inútil em uma produção pornográfica. Criticou cada minuto, cada gesto, olhar e movimento feito por eles nos últimos 30 minutos de gravação, mas eles não conseguiram ou não puderam entender as queixas. Guardaram a fita. Não quiseram fazer do amor
um ato explícito.

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