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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Natasha - 2

Segurava-a forte, como se toda a força que tivera na vida tivesse um propósito só agora, sentia sua respiração entrecortada e soluçante, que fazia o abraço sacudir e estremecer, mas matinha-se firme mesmo com a sensação de que o chão lhe estava faltando. Olhava pra ela como quem olha pra joia rara, e via dentro de seus olhos um mundo azul com milhões de possibilidades, uma mar de histórias vividas e não contadas, e mergulhou mesmo sem saber nadar, mas não teve medo, queria apenas se inundar e se tivesse sorte se afogaria também... mas hoje não era seu dia de sorte.
Hoje era só um dia!
Sua boca vermelha desde a meninice estava perdendo a cor, então usou um poema para pintar-lhe os lábios, e depois os beijou, estavam trêmulos e tentavam sussurrar-lhe promessas já há muito esquecidas, ouviu pacientemente quando teve que ouvir, e beijou quando teve saudade ou medo; trocaram segredos, risadas salgadas de lágrimas tristes, e recordaram as inúmeras alegrias, se demorando um pouco mais nessas... e as horas passaram apagando as estrelas que assistiam com paixão ardida e paciência. 
Quando o Sol surgiu ela se foi, sutil e bela, roubando a cena de tal espetáculo natural, e ele ficou ali vazio de si e cheio dela, e sua alma transbordava, e escorria por seu rosto e repousava delicadamente no rosto já sem vida dela. 

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