A beleza, escondida embaixo da feiura estava irreconhecível, calada, encolhida, apagada; e foi reconhecida em um mero acaso por um observador que passou e oportunamente a percebeu; e esse manteve certa distancia porque a feiura não permitia estranhos por perto, talvez fosse medo, raiva ou zelo. Assim que a reconheceu andou de um lado a outro atônito, sentiu um ódio crescente pela feiura e o desejo de salvar a beleza aflorou desenfreadamente em seu peito, e ganhou força; sentiu que dentro de si surgia um herói há muito esquecido, inventou até um nome para esse novo personagem em si que de tão concreto, parecia que já existia e apenas adormecera preguiçosamente por anos. Bateu três vezes forte no peito e cuspiu longe, arrumou a calça na cintura e foi lá tirar satisfações com a feiura, que falou, exclamou e até implorou tamanho era o seu desespero em ver a beleza solta, mas não teve jeito não, o observador exigiu, também exclamou e até usou de força bruta para vê-la livre, e no fim conseguiu o que queria; saíram de mãos dadas dali deixando para trás uma pobre feiura choramingando algo que a distancia não mais os permitia ouvir. Longe dali a beleza agora um pouco mais confiante andava ao lado de seu salvador, e diante de elogios e cuidados ela foi se modificando, agora falava mais, arrumara a postura e até recuperara o seu antigo brilho; e brilhava lindamente para quem quisesse ver; e por onde passava era notada, e quanto mais o era, menos enxergava o seu herói instantâneo. A beleza se corrompeu rápido pela vaidade, soberba, luxuria, narcisismo e quase não mais se parecia com ela mesma de tão modificada que estava; e foi se alterando, se sujando e tornando-se feia, afastando todos e até mesmo o seu próprio herói. A nova feiura andou sozinha e sem rumo por algumas horas,dias, meses; e ninguém teve coragem de chegar perto de sua nova face, até que um dia chegou onde habitava antes com a feiura e descobriu que longe dela a antiga feiura se tornara bela, e sentindo um medo incontrolável de que essa novamente ficasse como seu novo eu, a escondeu embaixo de si; e passou a protege-la até que um dia por um mero acaso, a beleza foi reconhecida por um observador que passou e oportunamente a percebeu.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Prosa - 02 (Me perco em você)
Postado por Tempus em segunda-feira, dezembro 28, 2015 com Sem comentários
Eu sempre me esqueço de tudo quando estou com você.
Acho que é culpa dos seus lindos olhos negros que me lembram uma noite na praia, mas sabe... talvez nem seja isso mesmo; a maioria das vezes eu culpo as suas mãos que sempre cobrem as minhas de maneira protetora e adorável. Fico pensando que se desse o meu coração pra você, ele caberia direitinho dentro delas e ainda sobraria espaço pra preencher com meus sentimentos.
Mas, e se não for isso?
E se for sua boca, que é de um vermelho tão intenso que faz o meu sangue ferver?
Depois que te conheci, eu gosto muito mais de morangos.
Poderia ser também a forma como você pensa, que é original e tão inspiradora que me faz escrever poesias, musicas, poemas e às vezes até discutir velhos dilemas... mas também não sei se é isso, é que sempre me esqueço de tudo quando estou com você.
Acho que pode ser mesmo culpa dos seus lindos olhos negros...
Ou será que é porque quando estou contigo nada mais me importa?
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
Poema - 09
Postado por Tempus em sexta-feira, dezembro 25, 2015 com Sem comentários
brincaram em versos e verbos e me sacudiram exigentes.
Queriam sair, serem livres e expressadas; significativas e encantadoras.
Exigiram de mim.
Me sufocaram.
Me cegaram.
Saíram.
Sumiram, mas não antes de existirem.
Um verbo.
Um verso.
Um constrangedor sentimento.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Verso - 45
Postado por Tempus em quinta-feira, dezembro 24, 2015 com Sem comentários
domingo, 13 de dezembro de 2015
Verso - 44
Postado por Tempus em domingo, dezembro 13, 2015 com Sem comentários
domingo, 29 de novembro de 2015
Verso - 43
Postado por Tempus em domingo, novembro 29, 2015 com Sem comentários
domingo, 1 de novembro de 2015
Miniconto - 03
Postado por Tempus em domingo, novembro 01, 2015 com Sem comentários
Corria de um lado à outro
atônito, lacrava caixas, ensacava louças, enrolava copos e se afligia. O
caminhão da mudança estava estacionado na frente de seu portão, e os
carregadores transitavam ininterruptamente; eram formigas roboticamente
empenhadas e obedientes, quando não sabiam o que fazer paravam esperando novas
ordens que cumpriam sem hesitar. Ela os acompanhava sem descanso, não
demonstrava entusiasmo, prazer, tristeza ou arrependimento, só dava ordens
calmamente enquanto fiscalizava a mudança de seus pertences. Ele acompanhava
tudo como um olhar indecifrável, e limitava-se em correr de um lado à outro,
lacrar caixas, ensacar louças, enrolar copos e se afligir. A casa antes cheia
de risos, lembranças, beijos e abraços estava se dividindo; metade ficava com
ele e outra ia com ela, observava o passado sendo encaixotado e fechado e o
presente resumido em poucos e simples objetos, mas não agia. No fim tudo fora
levado, os carregadores transportavam tudo de bom e ruim, e colocaram ela no
veículo como último item a ser levado da casa e partiram. Do portão ele não pôde
acenar, talvez porque sabia que ninguém acenaria de volta, apenas deixou-se
ficar ali parado pensando em nada, olhando ela, o caminhão e sua antiga vida
sumirem no horizonte, não sabia exatamente o que sentir por isso entrou,
passeou por todos os cômodos ignorando o estranho vazio, faltava moveis, vozes,
companhia; respirou fundo e foi até a geladeira e abriu uma cerveja, foi até a
varanda e deitou na rede. Enquanto bebericava e balançava se deu conta de que
finalmente estava só, e o peso caiu-lhe de forma leve, entendeu que não lhe
restara mais nada além de paz. Finalmente sorriu!
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Mural - 03
Postado por Tempus em quinta-feira, outubro 29, 2015 com Sem comentários
domingo, 18 de outubro de 2015
Verso - 42
Postado por Tempus em domingo, outubro 18, 2015 com Sem comentários
domingo, 11 de outubro de 2015
Sobre: Branca de Neve
Postado por Tempus em domingo, outubro 11, 2015 com Sem comentários
Tic! Corria pela floresta, e sabia
que se não chegasse antes do Sol se por iria morrer. Tac! Não queria morrer, então
tentava manter a calma para não se perder na floresta. Tic! Ainda podia sentir o coração
batendo forte, e quase riu disso; era irônico sentir essas batidas tão fortes. Tac!
Quase tropeçara. Sua mente foi invadida por imagens de sua luta alguns segundos
atrás; um caçador contra uma donzela, fora um ataque repentino, mas era só o
que lembrava do ocorrido. Tic! Sua mente estava confusa. Tac!
Bloqueada com o choque. Tic! Agora corria contra o tempo, precisava chegar
no castelo até o Sol se por. Precisava se acalmar, mas o coração pesava a cada
passo; sentia-o pulsar e seu desespero só aumentava. Tac! Doía. Tic! Confundia. Tac! Era uma bomba relógio. Tic! O
Sol começara a sua dança, mas por fim, já podia ver o jardim do castelo. Tac!
Agora corria mais rápido por sua vida. Tic! Mais rápido. Tac! O coração agora estava fraquejando.
Tic!
Limpou a boca com as costas da mão e sentiu o gosto de sangue na boca, ferro
amargo, viscoso, intenso. Tac! Entrara no jardim. Tic! O coração. Tac! O por do Sol. Tic! De
onde estava, podia ver a mesa do jantar, olhou para o lado e viu o Sol cada vez
mais baixo. Um pouco mais e se salvaria. O coração batia agora com menos
entusiasmo. Tac!
Muito fraco. Tic!
Quase parando. Tac! Caíra na entrada exalando a exaustão, o suor
lhe lavava o rosto, e entrara-lhe nos olhos. Ardia. Cegava. Doía. Tic! Seu
corpo era sal e medo, e de repente, lembrou-se da floresta. Um caçador contra
uma donzela. Era covarde! Tac! Se recompôs e sorrateiramente atravessou a
cozinha, a sala e em pouco tempo subia as escadas; as mãos sujas de sangue e
tremulas tocaram a maçaneta sorrateiramente. Tic! O coração batia imperceptível. Tac!
Abriu a porta com muita cautela, e esgueirou-se até a cabeceira, tirou de
dentro do cinto uma faca e cordas, e depois de amarrar sua vítima esperou com
paciência quase demente que acordasse; quando isso aconteceu assistiu com
prazer infantil o terror se espalhar e contorcer sua face. Tic! Tapou-lhe a boca com o coração
que vinha trazendo na mão esquerda. Tac! Abriu um buraco em seu peito, e retirou de lá
o coração, em seguida olhou sua vítima com compaixão e esperou até que sua
respiração findasse. Tic! O sol estava quase sumindo. Sentou-se na
frente do espelho e ajeitou o cabelo comprido, contemplou sua pele extremamente
pálida e seus olhos azuis, o sangue lhe tingia a boca como a uma pintura e isso
a deixava muito atraente; se contemplou por um momento e ajeitou as roupas
largas do caçador, sorriu para si mesma. Tac! Conseguira. Matara a rainha antes do por do
Sol. Tic!
De olhos fechados saboreou o coração da megera antes que esse parasse de bater.
Tac! Enquanto
lambia os dedos lembrou-se da maldição, e sabia o que tinha que fazer;
precisava de outro coração de mulher. Tic! Lembrou-se da família do caçador, que agora
estava morto na floresta. Não há perdão para covardes. Tac! Precisava chegar lá antes do
Sol nascer. Tic! Só mais seis corações e estaria
liberta. Tac!
Não queria morrer. Tic! Tac!
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
Verso - 41
Postado por Tempus em quinta-feira, outubro 08, 2015 com Sem comentários
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Sem titulo
Postado por Tempus em quinta-feira, outubro 01, 2015 com Sem comentários
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Miniconto - 02 (Make memories)
Postado por Tempus em segunda-feira, setembro 28, 2015 com Sem comentários
E construía a ponte
cuidadosamente com memórias e saudades, empilhava cada pequeno pedaço de
sentimento, um após o outro com o máximo do cuidado, e quanto mais a ponte
avançava mais ele se esquecia dela, e quanto mais se esquecia, mais insistia em
sorrir. Sorria com todos os dentes, com os olhos e com o coração; e era um
sorriso ingênuo e completo .... e satisfeito. Avançava sem medo e sem remorso, revigorado
a cada lembrança abandonada, pois sabia que para cada uma que se desprendia,
construiria duas quando acabasse a ponte e finalmente a encontrasse.
sábado, 26 de setembro de 2015
Verso - 40
Postado por Tempus em sábado, setembro 26, 2015 com Sem comentários
domingo, 20 de setembro de 2015
Mural - 02
Postado por Tempus em domingo, setembro 20, 2015 com Sem comentários
domingo, 13 de setembro de 2015
Miniconto - 01
Postado por Tempus em domingo, setembro 13, 2015 com Sem comentários
Admirada estava a contemplar o poeta, que
inspirado estava a escrever na beira da praia, era um pequeno detalhe na
paisagem, mas ainda assim ocupava o centro da foto. A cena era bonita; o velho
escritor, o pôr do Sol, a caneta, o caderno e a inspiração a correr em
liberdade pelas linhas; eram elementos isolados mas extremamente interessantes
quando juntos. Olhava aquele sorriso torto e murcho, construído devagar e
distraidamente, a pele fina e envelhecida era como papiro, enrugada, marcada,
amarela e frágil, os dedos longos e finos, envolviam com elegância a caneta
gasta com seu nome escrito na lateral; as unhas eram grossas, e nos cantos dos
olhos tinham tantas linhas, que parecia que todos os poemas criados um dia por
ele estavam rascunhados nelas. Era poético até, mas era um horror! Aquela cena
a incomodava, causava-lhe arrepios, a velhice, a solidão, o criar para ninguém.
Aquele sorriso distraído nos lábios era patético, inspirador e desesperador. O
que será que ele tanto escrevia? Um coração tão tranquilo e cheio de versos,
ali por acaso, todos os dias em sua janela .... todos os dias contemplado ...
todos os dias; tão lindo, e cada dia mais apaixonante. O que será que ele tanto
escrevia? Era horrível. Era inspirador!
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
Mural - 01
Postado por Tempus em quarta-feira, setembro 09, 2015 com Sem comentários
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Overdose
Postado por Tempus em segunda-feira, agosto 31, 2015 com Sem comentários
Assim passava os dias. Espreguiçava-se feliz respirando o
amor, e ao se levantar, enchia sua habitual tigela com doces porções e
servia-se em sua caneca preferida com amor; entrava no carro contente e logo
preenchia a estrada com as famosas trilhas românticas, e chegando ao seu
destino, certificava-se de todo o amor aprisionado saísse ao abrir a porta
somente pelo prazer de preenche-lo novamente, e seguia assim até a hora de
dormir; transpirava, comia, bebia sorria e divulgava o amor. Quando finalmente
conheceu alguém com quem pudesse compartilhar esse sentimento, juntou-se a ela
sem pensar duas vezes; e sendo assim passava seus dias .... Espreguiçava-se
infeliz respirando o tedio, e ao se levantar, enchia sua habitual tigela com
gordas porções de desespero ....
domingo, 23 de agosto de 2015
Verso - 39
Postado por Tempus em domingo, agosto 23, 2015 com Sem comentários
domingo, 16 de agosto de 2015
Verso - 38
Postado por Tempus em domingo, agosto 16, 2015 com Sem comentários
domingo, 9 de agosto de 2015
Verso - 37
Postado por Tempus em domingo, agosto 09, 2015 com Sem comentários
Adeus
Postado por Tempus em domingo, agosto 09, 2015 com Sem comentários
E finalmente percebeu, que daria qualquer coisa para sentir
aquele amor que antes emanava dela, pensou que talvez assim, a vida e seus
versos fariam mais sentido; então tomou-a em seus braços, e como poeta sonhador
desperdiçou seus últimos sentimentos em versos tolos, enquanto sem poder
impedir, assistia os pedaços de seu coração caírem até deixar seu peito vazio;
nesse momento, sentiu que seus sonhos e seus beijos salgados morriam como
aquele corpo débil.
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
Lágrimas
Postado por Tempus em quarta-feira, agosto 05, 2015 com Sem comentários
Andava o poeta cabisbaixo por não conseguir se expressar,
vagava em suas metódicas andanças com estranho tremor nos olhos, um doloroso nó
na garganta e um forçado sorriso nos lábios. Ia e vinha vagaroso, mal
conseguindo se equilibrar nas bordas de suas emoções; e em vão tentava
sobreviver às suas insecáveis lágrimas; que indomáveis irrompiam, hora calmas e
hora à afoga-lo em seu insensato coração.
domingo, 2 de agosto de 2015
Dessabor
Postado por Tempus em domingo, agosto 02, 2015 com Sem comentários
A lágrima saiu, marcou o rosto inocente, confundiu a mente
já perturbada, salgou a boca, deslizou pelo queixo e caiu na rosa, que esmagada
embaixo do pé, desistiu finalmente de lutar pela sobrevivência, ao ser regada
por esse último dessabor.
terça-feira, 14 de julho de 2015
Ausência
Postado por Tempus em terça-feira, julho 14, 2015 com Sem comentários
A saudade se aproxima e toma assento à meu lado, e me seduz
com espantosa intimidade. A saudade me envolve, tornando-me prisioneira de seu
forte abraço; afaga-me os cabelos, e me tranquiliza enquanto resmunga uma velha
cantiga de amor.
quarta-feira, 8 de julho de 2015
Verso - 36
Postado por Tempus em quarta-feira, julho 08, 2015 com Sem comentários
segunda-feira, 6 de julho de 2015
Nanoconto - 15
Postado por Tempus em segunda-feira, julho 06, 2015 com Sem comentários
Os dedos percorreram a esmo as cordas do violão, procurando em cada nota o som perfeito, andaram obstinadamente, como meus lábios passeando em seu corpo, preenchendo com beijos cada pedaço vazio, que apaixonadamente finjo ser meu.
domingo, 28 de junho de 2015
Verso - 35
Postado por Tempus em domingo, junho 28, 2015 com Sem comentários
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Verso - 34
Postado por Tempus em sexta-feira, junho 26, 2015 com Sem comentários
terça-feira, 23 de junho de 2015
Nanoconto - 14
Postado por Tempus em terça-feira, junho 23, 2015 com Sem comentários
Completamente faminta, servia-se do silencio que a solidão lhe oferecia.
sexta-feira, 12 de junho de 2015
Poema - 08
Postado por Tempus em sexta-feira, junho 12, 2015 com Sem comentários
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Nanoconto - 13
Postado por Tempus em quarta-feira, junho 10, 2015 com Sem comentários
Depois de longo suspiro morreu, sem saber que seus versos juntaram histórias,
salvaram amores, reconstituíram corações e o tornou eterno.
salvaram amores, reconstituíram corações e o tornou eterno.
terça-feira, 9 de junho de 2015
Verso - 33
Postado por Tempus em terça-feira, junho 09, 2015 com Sem comentários
terça-feira, 2 de junho de 2015
Nanoconto - 12
Postado por Tempus em terça-feira, junho 02, 2015 com Sem comentários
Quando finalmente enxergou a cruel realidade da vida, agarrou-se a sua essência de poeta, com um medo infantil de que lhe tirassem sua melhor porção.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
Poema - 07
Postado por Tempus em quinta-feira, maio 28, 2015 com Sem comentários
segunda-feira, 25 de maio de 2015
Verso - 32
Postado por Tempus em segunda-feira, maio 25, 2015 com Sem comentários
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Fim (por Avner Posner)
Postado por Tempus em quinta-feira, maio 21, 2015 com 1 comentário
Hoje liberei para o jornal local
Aquela nota sobre seu falecimento.
Não quis alarde, mas quis deixar registrado,
Em letras miúdas, no rodapé da página ímpar.
Duas ou três folhas depois da capa.
Em preto e branco mesmo.
Em uma fonte que nem mesmo sei o nome
Botei até meus óculos pra ler.
Os escuros, pois mantenho o luto.
E lá dizia...
Meu amor hoje se foi.
Não foi embora, pois o que vai as vezes volta.
Não foi dormir, porque seu sono sempre foi leve.
Não foi levado, afinal nunca tomaram o que era nosso.
Não foi esquecido, já que nos somos pra sempre.
Nunca foi, porque ainda é e talvez pra sempre será.
Infelizmente, meu amor, felizmente meu amor
Foi só pra ti, nunca foi de outro.
Declaro aqui, e agora, que hoje eu enterro.
Numa cova funda no meu peito.
Com zelo, esmero e muitas saudades.
Meu coração que leva seu nome.
Te velo a cada suspiro.
Te invoco a cada silêncio.
Te enxergo, perfeitamente, na penumbra.
E te sinto me fitando cada vez que eu sorrio.
Hoje com a mão no peito fecho o caixão.
Ora protegido, ora resguardado, ora escondido.
Mas pra sempre seu.
Nesta nota declaro a morte do que há em mim.
Antes tarde do que nunca.
Te amo, na presença, na ausência.
No passado e no presente.
E até mesmo quando eu minto dizendo ser o fim.
Fim.
terça-feira, 19 de maio de 2015
Verso - 31
Postado por Tempus em terça-feira, maio 19, 2015 com Sem comentários
segunda-feira, 23 de março de 2015
Viva (Sequestro)
Postado por Tempus em segunda-feira, março 23, 2015 com 2 comentários
Entrar no quarto era como
mergulhar no mais intenso breu; o único som que preenchia o ambiente era o
silencio ensurdecedor, o suor era uma essência constante e a indiferença se
fazia tão presente que já era considerada parceira de cativeiro. Andava de um móvel
á outro sem tropeçar em absolutamente nada, fizera tantas vezes o caminho entre
a porta e ela, e passava tanto tempo ali dentro que já havia decorado o lugar
que cada objeto ocupava; ás vezes se permitia sair para comer, beber ou ir ao
banheiro, e ás vezes esquecia-se completamente dessas limitações humanas e
dedicava sua atenção inteiramente á ela. Tentou por vários dias conversar,
agradar ou envolve-la, mas nada do que fazia era o suficiente para conseguir
sua atenção; contra o silencio esmagador cantava, quando o desanimo reinava ele
a presenteava e quando se sentia extremamente bondoso dava-lhe noticias do
mundo; mas ela permanecia imóvel na cama evitando comer, beber ou respirar. Com
o passar dos dias a pele dela deixou de ser macia, o cabelo agora sem cachos
perdeu a cor, os olhos o brilho, os lábios a espessura que tanto o atraia e seu
corpo as curvas que o impeliu a cometer esse sequestro. No terceiro mês, foi se
compadecendo dela e a soltando aos poucos, tirou as correntes que lhe prendiam os
braços agora finos demais, depois as que prendiam os calcanhares machucados,
parou de lhe cortar as unhas que costumavam afundar em sua carne e por fim
tirou-lhe a mordaça. Aos poucos ela foi se acostumando ao lugar e a sua
presença, andava de um móvel a outro sem tropeçar em absolutamente nada, voltou
a comer, beber, respirar e a falar; sua pele recuperou a maciez, o cabelo
enrolado agora brilhava e o corpo novamente com curvas pertencia somente a ele
nas noites de solidão. Passava os dias deitada em seu colo falando sobre si e
seus sonhos que repentinamente passou a envolvê-lo; cantava quando o silencio
era esmagador, presenteava quando o desanimo reinava e dava-lhe noticias do
mundo quando se sentia extremamente bondosa.
quinta-feira, 19 de março de 2015
Liberdade (Semi-voo)
Postado por Tempus em quinta-feira, março 19, 2015 com Sem comentários
Certa vez, um homem dirigiu-se
para a beira de um abismo, e cansado das neuras cotidianas despe-se e deixa-se cair
sem medo nos braços do escuro, sem se importar com detalhes fúteis como: Onde iria
parar! Ansiava a liberdade indecorosamente e por essa razão, quando sentiu o
vento bater em seu rosto e envolver delicadamente seu corpo nu, fechou os olhos
e saboreou cada pedaço amargo desse novo sentimento. Assim, deixou-se ficar por
um tempo curtindo aquele salto que aparentava ser infinito, somente despertando
desse estado de letargia quando seu corpo atinge violentamente o solo. Uma dor
estonteante o invadiu quando os ossos de suas pernas, braços e tronco se quebraram;
abre os olhos demoradamente sem poder pensar em nada, sem sentir medo e sem ver
a vida passar diante de seus lindos olhos verdes; segundos depois se da conta
de que ira morrer e isso o entristece profundamente; desejava poder aproveitar
mais a sensação de liberdade que experimentara durante a queda, e embora a dor
em seu corpo seja dilacerante, ainda assim a leveza do “quase voo” persiste em
povoar a sua mente. De repente começa a rir desenfreadamente, estranhando não
ver o peito subindo e descendo durante a respiração que entrecorta, o sorriso
se formar nos cantos da boca e se alargar e a barriga sacudindo a cada espasmo
do corpo. Adorava esse processo. De
qualquer forma, não conseguia conter essa vontade insana de rir, então continuou
nessa tentativa dolorosa de felicidade gargalhando tão alto e tão forte quanto
seu corpo quebrado permitia; parando somente quando o excesso de sangue o fez
engasgar. Olhou para o alto a fim de enxergar o Céu, mas nada viu além da insistente
escuridão, passou a língua nos lábios sentindo o gosto do sangue e da amargura que
lhe adoçavam a boca e curtiu mais um pouco aquela sensação de paz. Momentos
antes de morrer vê uma pena de sua própria asa planar e pousar em um dos cachos
de seu comprido cabelo loiro dourado; tenta abri-las com o que resta de suas
forças, mas só consegue balançar as pontas, e então falece, se perguntando por
que nunca as usou.
terça-feira, 17 de março de 2015
Amor (Someone for everyone)
Postado por Tempus em terça-feira, março 17, 2015 com Sem comentários
A prostituta não tem valor
significativo; desfila de um lado á outro na rua vendendo aquilo que possui de
melhor, como um camelô desesperado ela se anuncia com afinco e veemência, e quando sente
que nada mais tem a oferecer simplesmente vende o corpo. Em geral a
prostituta não tem alma; sacrifica seus amores, engole o choro obedientemente e
mantem a boca sempre cheia e fechada; se for preciso ela força o sorriso e abdica
do prazer pessoal. Jamais perde tempo porque tempo é dinheiro. Ás vezes é agredida
por um ou cem, mas não há como saber se dói ou magoa porque ela não é como nós,
feita de sentimentos, carne ou osso, não tem vontade própria, gosto ou opinião social.
A prostituta não adoece, não vai ao banheiro, não sente ciúmes e também não sofre
por desilusão amorosa; como bailarina em caixa de musica ela vive de ocasião,
dançando silenciosamente quando lhe permitem e só se expõe na mídia dentro de
um singelo caixão. A prostituta da prazer a quem pedir sem pensar em dizer não,
mas tem as melhores roupas, a melhor tecnologia, frequenta as melhores festas e
contempla os melhores céus; com olhos castanhos, verdes ou roxo; ela enxerga o
mundo como uma enorme cama, então se deita em qualquer calçada, se espreguiça
em qualquer bar e descansa eternamente em qualquer esquina. A prostituta não pertence
a ninguém, ela é simplesmente um alguém para todos.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Nanoconto - 11
Postado por Tempus em sexta-feira, fevereiro 27, 2015 com Sem comentários
Desfrutavam cada segundo daquele longo beijo; olhos fechados, bocas abertas e línguas inquietas trabalhando juntos para descobrir que o amor, tem o mesmo gosto da amizade.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
Poema - 06
Postado por Tempus em quinta-feira, fevereiro 26, 2015 com Sem comentários
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Microconto - 15
Postado por Tempus em quarta-feira, fevereiro 25, 2015 com Sem comentários
As palavras emudeceram, e as reticencias pairaram soltas no ar percorrendo o aposento; apareceram uma a uma preenchendo cada canto, foram se multiplicando e pulsando como coração partido, que num surto de amor se desespera, e se enche calado até transbordar.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
Verso - 30
Postado por Tempus em terça-feira, fevereiro 24, 2015 com Sem comentários
sábado, 21 de fevereiro de 2015
Microconto - 14
Postado por Tempus em sábado, fevereiro 21, 2015 com Sem comentários
De esquina em esquina, a prostituta transita procurando a próxima vitima. Motivada ela agarra e o ilude com seus abraços, mata-o com seus beijos, e reconstrói seu coração partido com gemidos quase inaudíveis.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
Verso - 29
Postado por Tempus em sexta-feira, fevereiro 20, 2015 com Sem comentários
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Microconto - 13
Postado por Tempus em quarta-feira, fevereiro 18, 2015 com Sem comentários
Preguiçosamente deixou-se deitar; e virando a cabeça devagar a admirou com um sorriso satisfeito nos lábios, frenético, puxou-a para si encaixando-a em seu abraço desajeitado; suspirou longamente quase engasgando com seu imenso amor, e antes de solta-la definitivamente, balbuciou um quase inaudível "Eu te amo", que ecoou pelo quarto solitariamente, mesmo depois de ela te-lo abandonado.
domingo, 15 de fevereiro de 2015
Microconto - 12
Postado por Tempus em domingo, fevereiro 15, 2015 com Sem comentários
Atras de si a porta fecha violentamente, e assim que sua ida se torna concreta, o silencio invade sem escrúpulos a casa já vazia; então as palavras, as lembranças, as promessas, as noites de amor, as loucuras e as desventuras caem no esquecimento; enquanto os pedaços do coração partido se espalham brincando distraidamente com o vento da ultima janela, prestes a ser fechada para sempre.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
Verso - 28
Postado por Tempus em quinta-feira, fevereiro 12, 2015 com Sem comentários
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
frase - 03
Postado por Tempus em quinta-feira, janeiro 29, 2015 com Sem comentários
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Poema - 05 (Distanciar)
Postado por Unknown em segunda-feira, janeiro 26, 2015 com Sem comentários
Um dia verei a alegria
transbordar em seu ser, e seu corpo dançar iluminado pela eterna luz do luar; nesse
dia, em volta de ti as cores serão mais forte e as notas mais melodiosas, e
isso será tão natural quanto meu louco amor. Um dia verei seus
delicados pés pisarem nas nuvens e te levarem a cada passo mais alto, mais
rápido e mais inconsequente; e sem medo de se perder ou cair se deixará levar
pelo vento, pelo tempo, pelas águas da chuva e pelos sopros da sorte; e de
longe poderei te ver cavalgar no vento, brincar nas horas e esnobar os anos;
verei você rir dos desesperos da vida, se espantar com a natureza das coisas e
planejar seu próximo ato insano e sem sentido. Um dia verei você não me
entender, desistir da doce realidade e acordar me olhando como se eu já não
fosse mais nada.
(Baseado nos textos de Manuela Muni).
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Verso - 27
Postado por Unknown em quarta-feira, janeiro 21, 2015 com Sem comentários
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Nanoconto - 10
Postado por Tempus em segunda-feira, janeiro 19, 2015 com Sem comentários
Desolado, andava na chuva contando raios, ouvindo o vento, e aproveitando as caricias que a brisa se dispunha a doar.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
A falência da poesia (por Ygor Pierre Piemonte Ditão)
Postado por Tempus em sexta-feira, janeiro 16, 2015 com Sem comentários
A
falência da poesia:
O meu poema faliu e decretou-se insolvente.
Não tem créditos, nem liberdade de
[imprensa.
O
meu verso é devedor e não tem espaço no mercado
É
pobre, porque sua riqueza é democrática de verdade.
Minha
poesia não vende livros, folhas e nem seguidores...
É
solitária – como eu – por sonhar mundos melhores.
A
minha poesia não rende por parecer-se Petrobrás
E
sem assistência de sua miséria
Chora
por escrever sobre liberdade.
A
prosa, então, coitadinha,
Nem
sabe sua identidade – semelhante a milhões de brasileiros.
Já
não sei a cor da minha bandeira, do meu povo, do meu dinheiro e do pão!
Não
tenho dólar pra divulgar poesias meritocráticas,
Nem
euros para purgar a aristocracia,
Nem
Libra para comprar uma oligarquia...
A
falência do verso transcende a falência do coexistir.
Um
dia eu fui ingênuo em defender,
Ora
o comunismo, ora o capitalismo, ora em nada ter.
Um
dia o meu verso falou de coisas que já não existem mais...
Mas
hoje não defende nada!
Não
há sistema político, econômico ou religioso que salve o homem de si.
A
falência da poesia acompanhou a falência da humanidade.
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